izigame.me

"Lindo! Um manifesto não à Arte, mas ao Artista, por isso, não é para todo mundo"

Sempre tive este jogo em vista e me chamou muito a atenção pelo visual cativante e extremamente encantador e agora com um tempo do meu trabalho e projetos, decidi testar (isso não é informação demais).
Assim como eu disse, esse jogo não é para todos, é muito fácil achar que Goodbye World é só um rostinho bonito no meio à tantos jogos indies incríveis que a indústria tem proporcionado, e é mais fácil ainda, injustiçar essa obra dizendo que ela se esconde atrás de seu visual (que é sem dúvidas um ponto fortíssimo) e que não tem conteúdo, reduzindo ao pensamento de que não agrada como jogo além da sua estética, mas esse jogo é um caso raro, de arte que não é voltada para o consumo, e que não é para todas as pessoas e nem para todos os momentos.
Goodbye World é uma experiência que não inova em absolutamente nada como jogo, mas traz em sua temática e narrativa, uma perspectiva fresca e única, um verdadeiro abraço aos artistas e pessoas apaixonadas pelo desenvolvimento de jogos. Um ombro pra chorar sobre, e um amigo que te entende, caso você. assim como eu também seja um game dev.
Este jogo não deve ser jogado na expectativa de consumo, visando entretenimento rápido e diversão inflada de fatores hipnotizantes. É uma experiência curta, lenta e simples. Entretanto, isso não é nenhum demérito, pois ele não se propõe a ser nada além disso, e o que ele realiza e deseja transmitir, é muito bem executado. Não jogue esse jogo com pressa, pensando em apenas consumir e consumir, se entreter para fazer o tempo passar, esse é um jogo para ser sentido, não compensa desperdiçar uma experiência linda como essa em uma call barulhenta com os amigos, nem no meio de um dia corrido. Goodbye World, merece ser jogado como ele se propõe, com calma.
Vivendo a relação de duas colegas que se uniram como colaboradoras em um projeto de desenvolvimento de jogos, você experiência as dificuldades e situações que um artista de game dev vive.
A experiência e o loop de gameplay são muito simples, mas eu não os chamaria de rasos, pois são perfeitos para transmitir o feeling que o game design busca. 13 capítulos, um pequeno diálogo no início de cada um, um pequeno momento de gameplay no meio, jogando um jogo de puzzle de blocos com regras próprias e interface e estilização individuais do jogo e narrativa principal, e um diálogo maior ao final do capítulo, para desenvolver a relação e abordar os diferentes estágios e problemas que uma pessoa que cria arte (mesmo como dev ou artista visual) sofre na jornada de realizar e entregar ao mundo suas paixões.
Como game dev, sempre me vi cercado de pensamentos que me rodeavam e rodeavam a minha arte, e a relação entre Kanii e Kumade em Goodbye World é uma maneira ótima de transmitir os sofridos pensamentos daqueles que criam arte. Goodbye World é um abraço aos artistas, pois entende, fala sobre e alivia temas que sempre nos assolam. Para aqueles que vivem ou se fazem viver da arte, é muito normal nos ver pensando em como o mercado e a vida podem ser cruéis com nossos sonhos, sobre como a paixão nos projetos somem, a maneira como o profissionalismo destrói o amor a arte, a maneira robotizada de tentar inovar ou criar algo que seja financeiramente rentável, bem como também retrata o quão bom é viver o prazer e a diversão de fazer o que ama, por mais implacável que a vida seja.
Não consigo elaborar mais ou lembrar de todos os pontos que Goodbye World me fez pensar, refletir e me acolher como dev, mas recomendo a todos que amam sua própria arte, mas principalmente para aqueles que entendem que arte não é só sobre divertir, mas sobre sentir.